Um banquinho de Paris


- Allison?
- Sim, Catherine?
- Eu tenho algo que quero te contar, mas você tem que prometer nunca contar a ninguém.
- Eu prometo.
- Jura pela sua vida?
- Eu juro pela minha vida.


Eu o peguei no aeroporto Charles de Gaulle, havia anos que não ouvia meu coração pulando tão forte, tanto tempo que não via meu rosto queimar de uma forma estranha. Ele veio ao meu encontro, mas não entendia como ele poderia se lembrar de mim depois de tanto anos... E eu quase não pude suportar aquele calor que estava me dominando, aquela vontade de abraçá-lo, mas precisava manter minha postura, afinal, eu não poderia sentir aquilo de novo, não por ele.

Olhei para ele e vi a semelhança daquele menino que corria atrás de mim, que às vezes puxava meu cabelo, mas que quando eu chorava ficava desesperado e me acolhia.

Sentamos-nos no banquinho mais próximo e ele percebeu que eu estava tremendo. Levantou levemente uma sobrancelha, afinal, não estava fazendo frio.

- Allison, durante esses anos eu me senti a pessoa mais infeliz do mundo.

Eu não sentia mais minhas mãos, o que estava acontecendo comigo?

Com um olhar que me fez quase desistir de contar ele me olhou. Aquele mesmo olhar que fez com que me apaixonasse por ele, como ele poderia ser tão cruel?

Fiquei em silêncio esperando que ele dissesse alguma coisa, como vi que não havia chances, desabei com tudo, de uma vez só:

- Sei que somos primos, sei que nossa família nunca aceitará, mas já tentei de tudo, venho tentando não pensar em você e não lembrar daquele nosso beijo de criança. Você não deve se lembrar, ou deve achar ingenuidade tudo aquilo. Eu sei o quão idiota isso é, mas eu já não agüento sofrer...

Percebi que não eu havia respirado desde o começo da frase, esperei que ele risse, mas ele continuou com uma postura séria. Acabei falando muito alto e pessoas estavam nos observando, ainda assim ele apenas me olhava com aquele olhar tão conhecido.

Silêncio e medo sem que ele dissesse nada, até que ele me abraçou.

E foi tão recíproco que eu percebi que meus braços já haviam se redimido e se enrolado em seu pescoço, quando menos esperei, ele me beijou.

Fiquei completamente sem reação por alguns segundos, mas me entreguei totalmente quando percebi que era ele, o amor da minha vida que estava ali, não mais o meu primo!


(Tema proposto por Bloínquês, edição musical)

1 Comentário:

Taynná disse...

Meu orgulho!!
Boa sorte no bloínquês!!

Beijos!!!!!

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